Uma mulher muito rica furou o pneu do seu carro importado numa estradinha de barro de uma cidade do interior. Ela ficou sem saber o que fazer, porque a bateria do seu celular havia descarregado e além do mais o chão estava muito enlameado.
Passava por ali um caipira bem pobre, montado em uma mula e se propôs ajudá-la.
Aquele bondoso homem, abaixou-se e trocou o pneu para aquela elegante senhora, saindo todo sujo de lama.
Ela pensativa achava que aquele sujeito pobre, que estava com roupas rasgadas, lhe cobraria o olho da cara, aproveitando-se da situação. Mas não tinha importância, afinal ela tinha muito dinheiro e podia pagar o que fosse cobrado. Naquele momento ela só queria sair daquele lugar.
Ao término do serviço ela perguntou-lhe o preço. Ele disse que não custaria nada, porque à partir do momento que ele oferecera um favor, não poderia cobrar-lo. Disse também que havia sido um prazer em ajudá-la e a aconselhou a sair logo dali, porque já ia escurecer e aquele lugar era perigoso.
A mulher saiu dali boquiaberta, afinal hoje em dia dificilmente acontece uma coisa daquelas. As pessoas querem é passar por cima das outras e tirar proveito de tudo que for possível.
Apesar de ter chovido, estava um dia quente, e ela parou mais adiante num boteco para se refrescar. Pediu uma água mineral, conversou muito com a dona do estabelecimento e lhe contou o ocorrido. Ficou bastante comovida também com história de vida daquela mulher, afinal ela estava grávida, com um filho doente e era muito pobre. Naquele lugar era tudo muito difícil, inclusive maternidade.
A dona do comércio pediu licença, porque seu filho deu um choramingo. Ele encontrava-se deitado em uma esteira no chão de um quartinho ao fundo.
Ao voltar encontrou um embrulho de papel e dentro havia um bilhetinho com uma quantidade grande de dinheiro.
Esse bilhete dizia: Passei a dar mais importância as pessoas fora do meu convívio. E descobri também que existem pessoas abençoadas por Deus, assim como a senhora. O que eu puder fazer, daqui por diante, por pessoas necessitadas, farei. O que aprendi hoje levou cinqüenta anos para acontecer.
Seu marido chegou preocupado, porque a lavoura não estava boa e eles estavam precisando muito de dinheiro. Viu algumas pessoas saindo com bolsas de mantimentos. Olhou para o céu, rezou e falou para sua esposa:
- Graças a Deus!!! Nossa venda aqui está melhorando... Não é mulher?
- Não meu amor! Estou doando mantimentos para pessoas muito necessitadas.
- O que? Vamos ter de fechar o armazém... Porque não temos como pagar nossas dívidas, nosso filho está muito doente e o que vai nascer não tem nenhum enxoval. Seu berço será uma rede ou a própria esteira. Mas se você ajudou pessoas que estavam realmente precisando eu não me importo.
- Vou-lhe explicar: Hoje conheci uma senhora. Ela conversou muito comigo, fez um monte de perguntas e quando foi embora deixou esse bilhete com essa quantia em dinheiro. Meu amor, com esse valor, da pra fazermos o parto e o enxoval do neném. E ainda sobra pra comprarmos o remédio para nosso filho e pagarmos nossas dividas. Estou muito feliz! Ah! Já ia esquecendo, ela disse que furou o pneu do carro a dois quilômetros daqui. Eu só não entendi uma coisa! Ela fez muitas perguntas sobre você:
Como você era, onde trabalhava e até a cor da roupa que você saiu hoje.
Aquele simples, porém, "grande homem", ajoelhou-se ao chão, chorou e agradeceu mais uma vez a Deus, por ter lhe dado tamanha "sabedoria que é a bondade".