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segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

FESTA INESQUECÍVEL - "Humor"



 Como sempre, Aristeu e Gertrudes chegaram a uma festa com duas horas de atraso.
- Olá! Pensei que vocês não vinham mais. O que houve amiga, está com uma cara? - perguntou a anfitriã.
- Nada não, mulheres são todas iguais. - Disse Aristeu, já procurando um garçom.
- Esse homem é muito enrolado...avançou o sinal e foi parado pelo guarda.
- Olha...deixe-me apresentar-lhes os meus convidados.
Havia um casal com duas filhas adolescentes muito bonitas. O marido aparentava ser bem mais velho do que a esposa, apesar de ela também não ser muito nova, mas era muito bonita. Eram vizinhos da dona da festa. O homem logo começou a puxar assunto e ficaram todos ali fora mesmo perto da churrasqueira.
Passado alguns minutos a dona da casa foi até eles e arrastou Gertrudes e a esposa do vizinho. Disse a elas que havia chegado outras amigas e queria lhes apresentar. As meninas também encontraram algumas colegas e se afastaram.
Os dois ficaram a sós batendo papo e tomando cerveja durante um bom tempo. Até que Aristeu ficou com vontade de ir ao banheiro.
- Amigo você que é vizinho, onde fica o banheiro?
- Ah, sim...vou levá-lo, fica dentro da casa.
- Imagina... Não precisa. 
Após entrarem na casa.
- É aquela porta a direita no final do corredor. - Disse o homem.
Aristeu agradeceu e entrou, quando ia fechando a porta o cara pediu licença e entrou também.
- Vou urinar no boxe mesmo. – Disse o sujeito sorrindo e olhando-o de cima em baixo.
Aristeu achou aquilo muito estranho, afinal, ali não era banheiro público. Dois homens juntos, num banheiro pequeno de uma casa de família, não é normal. E se alguém ver a gente saindo juntos daqui, o que vão achar? Pensava ele.
Acabaram e por sorte ninguém os viu saindo... Então, voltaram para o mesmo lugar e continuaram a beber. O cara começou se soltar e passou a contar umas piadinhas sem graça. O pior que quanto mais bebia, as piadas ficavam mais pesadas e picantes. O sujeito quanto mais ria, mais alisava os braços e as costas do Aristeu. Ele até pensou que sua braguilha estivesse aberta, porque o homem não tirava os olhos de suas partes íntimas. Esse cara é muito brincalhão...pensava ele, até então, sem maldar.
- Você é hilário. Em casa você também é assim? - Perguntou Aristeu.
- Mais ou menos. Em casa sou mais fechado, tento manter o respeito...
Ficaram de papo por mais algum tempo e nada da Gertrudes voltar. Nessa altura ele já estava achando melhor ficar perto dela, porque, o sujeito estava cada vez mais assanhado. Aristeu já estava ficando desconfiado achando que aquela “Coca era Fanta” ou que aquele “Pitbul era Lassie”. Com a demora de sua esposa e muita cerveja na ideia, Aristeu ficou apertado de novo e resolveu ir ao banheiro novamente, só que já sabia o caminho e não precisava mais de ajuda. Pediu licença e foi sozinho, quando ia fechar a porta, sentiu um vulto por trás. Ao olhar, era o cara de novo que entrou junto forçando uma barra.
- Pô! O que você quer aqui? Pega mal dois homens juntos num banheiro apertado. - Disse ele assustado.
Então o homem falou:
- Você é um gato, sabia? Mas que peito cabeludo, eu adoro!
- Sai fora, cara! Está maluco?
- Estou maluco por você.
Aristeu falou que gostava mesmo de mulher, e nem conseguiu urinar direito. Teve de guardar rapidamente porque o Baitola queria lhe patolar.
- É bem grande, hein! Deixa eu pegar?
Teve de recolher a criança rapidamente, molhando sua calça.
- Olha aqui, se você me tocar irei meter a mão na sua cara, hein! E espia só, por causa dessa palhaçada molhei a calça toda.
Apesar do "homem" ter levantado: sua moral; sua autoestima e massageado seu ego, Aristeu sabia que o cara havia mentido, por ter dito que seu bilau era grande. Mulher que é bom nunca elogiou. Pensava ele.
Saiu rapidamente dali e deu uma topada no degrau da varanda, coitado, falou um tremendo palavrão. Foi quando sua querida esposa apareceu.
- O que houve, está nervoso, o que estava fazendo dentro da casa?
- Ah! O que, você viu? - Perguntou Aristeu, achando que ela havia visto eles saírem juntos do banheiro. Então, abriu o bico:
- Aquele cara quanto mais bebe mais boiola fica...
- Do que está falando? - Perguntou Gertrudes inocentemente.
- Quase fui estuprado, esse cara é tarado!
- Em casa conversamos melhor, mas não sai de perto de mim hein! - Disse ele, muito assustado.
Não saiu mais de perto da esposa, ficando no meio da mulherada. 
Então a esposa do "homem" me peguntou:
- O que houve, não vai mais fazer companhia para o meu marido? Ele adora falar de futebol.
- Eu não gosto de futebol...
Na volta, dentro do carro, Gertrudes, perguntou ao marido o motivo do afastamento dele em relação ao sujeito. E qual o motivo dele ter dito que não gostava de futebol, se ele adorava futebol?
- Já sei, vocês discutiram, ele não torce pelo mesmo time que você...
- Não discutimos e nem conversamos sobre futebol, nem sei qual é o time que ele torce. Só sei que ele gosta de agarrar e brincar com bolas, pode jogar no time das frangas...

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

PISCA-PISCA SEM VERGONHA







Em uma cidadezinha do interior, dona Ambrosina Alcoviteira da Silva, que era uma tremenda fofoqueira, encontrava-se muito curiosa. Ela havia reparado que pelo menos uma vez por semana ao anoitecer as luzes de um sobradinho em frente a sua casa ficava piscando. Então comentou com uma vizinha: 

- Esmeraldina eu não entendi o porquê das luzes do sobrado de seu Anacleto piscarem tanto ao anoitecer.
Dona Esmeraldina Tarada Duarte que também não ficava para trás em matéria de “comentar sobre a vida alheia, prontamente respondeu:
- Ué, amiga, eu nunca notei... Quem é seu Anacleto? 
- Esmeraldina você sabe da vida de todo mundo nessa cidade e não sabe quem é o seu Anacleto Caido Pinto? Anacleto é aquele velho caquético que fala pelos cotovelos. 
- Olha como fala, hein, Ambrosina... Eu não sei da vida de ninguém nessa cidade. Agora...a senhora é que fica reparando em tudo que é pisca-pisca por aí. Além do mais, lembrei, sim, quem é esse homem. 
Então, murmurou baixinho: 
- “Ah, que homem”... É aquele que tem um lindo cavanhaque branco. E aquela barriguinha de chopp? É demais... Tem também umas canelinhas finas e lisas. Adoro! Sabe, noutro dia ele me deu carona. 
- Esmeraldina você está delirando! Disse-me que não conhecia o velho, além do mais, ele não tem carro. Como lhe deu carona?
- Bicicleta, amiga! Peguei carona naquela linda bicicleta azul. Fiquei agarradinha com ele. Não lembrava o nome dele, porque só o chamo de, “meu Rasputim”...
Ambrosina ficou irritada, virou as costas para amiga e saiu dizendo que tinha mais o quê fazer...
- Essa velha está caduca, acho que está apaixonada por aquele velho doido.
Esmeraldina, por sua vez, lembrou-se que tinha um encontro e saiu rápido, afinal, já estava escurecendo. Mais tarde, toda cheirosa, com sainha curta e uma taça de vinho nas mãos, encostou-se à janela e ficou a olhar para o sobrado de seu Anacleto. Quando, de repente, as luzes da casa do seu Anacleto piscaram. Prontamente ela deu duas piscadas na lâmpada da sala e saiu levando a garrafa de vinho. 
Naquela noite a esposa do seu Anacleto não havia ido à igreja, porque estavam com problemas de sobrecarga na energia e os disjuntores desarmavam a todo instante. Nesse pisca pisca constante, por causa do defeito, as luzes se apagaram novamente... Então, entra Esmeraldina de fininho pela porta adentro.
O casal encontrava-se na cozinha, no escuro e com velas acesas. Anacleto estava tentando trocar os disjuntores da caixa de energia, quando, sua esposa falou baixinho:
- Velho... Estou sentindo um cheiro de flores de cemitério, misturado com cheiro de vela. Coisa horrível!!! Estou com mau pressentimento...
Foi quando, Anacleto terminou de trocar os disjuntores e acendeu as luzes. Esmeraldina, por sua vez, invadiu a cozinha só de calcinha, com aqueles peitos encostados ao umbigo e a garrafa de vinho nas mãos, dizendo:
- Cletinho, meu Rasputim! Vem que eu sou toda sua...
Anacleto havia esquecido de avisar a Esmeraldina que sua esposa naquele dia não fora à Igreja. Se ele tivesse avisado, mesmo que houvesse o pisca pisca na luz ela não iria lhe visitar é claro...  
No dia seguinte, no hospital da cidade, o papo das enfermeiras era:
- Você viu aquele casal de velhos que deu entrada ontem à noite? A mulher chegou com a cabeça quebrada, toda suja de vinho e com um cheiro de perfume muito enjoado. O cara cheio de escoriações e ainda estava entalado com uma vela... 
A outra:
- Eu vi... Só não estou entendendo uma coisa. Os dois estão na mesma enfermaria e não largam os interruptores de luz que tem perto de suas camas... Ficam piscando e rindo o tempo todo, um para o outro. Parecem Loucos!


Alexandre M. Brito