Aristeu era um cara muito comilão. Olhava a geladeira a todo instante, tinha uma enorme ânsia de comer. Vivia passando mal.
- Estou com uma azia danada. Gertrudes faz um favor, vai à farmácia e compra um antiácido...Estou que nem um Dragão, cuspindo fogo...
- Você come muito, homem...olha tua barriga, está enorme. Depois da feijoada do almoço, você já comeu um monte de coisas, já lanchou umas dez vezes.
- Pára de falar mulher, e vai logo...
A esposa de Aristeu antes de sair disse-lhe que demoraria um pouco porque iria passar na padaria e também fazer umas comprinhas.
- Então pega mais dinheiro e compra uns dez pãezinhos, trezentos gramas de mortadela e meia dúzia de latinhas de cerveja...
- Vai, Esganado! O peixe morre pela boca.
A mulher saiu e Aristeu entrou ou quase entrou pela geladeira adentro. Comeu tudo que tinha direito. O Glutão ficava tão fissurado por comida, que falava sozinho:
- Acho que se eu comer esse pudinzinho aqui não tem problema, até porque leva leite e deve ser bom para o estomago. Hum...esse sorvetinho aqui também é muito bom. Mas vou provar também essa gelatina.
Quando sua esposa chegou, o encontrou dormindo no chão ao lado do cachorro Astolfo. Dormia que nem um anjo, mas roncava que nem um porco. Astolfo acordou com a chegada da sua dona, fez aquela festa costumeira, voltou para onde estava e lambeu o rosto de seu dono. Parecia querer acordá-lo.
- Pára com isso, cachorro, deixe-o dormir. Pelo menos enquanto dorme, ele não come e não tem azia.
Gertrudes passou bem devagar por cima de Aristeu e foi em direção a geladeira tomar um copo de água, quando foi seu espanto.
- Aiii, pelamordedeus! O danado comeu a sobremesa toda. E eu ainda sou burra de comprar remédio para ele.
Com o grito da mulher, o lambão, acordou gemendo.
- Hum, hum, ai...além de azia, estou com muita dor no estômago. Gertruuudes eu vou morrer...Cadê o remédio, Gertrudes?
- Escute aqui, seu safado, você comeu a sobremesa toda que fiz para o almoço de amanhã. Sendo assim, vai ficar sem o remédio... Não dou, não dou e não dou...
- Gertruuudes eu vou morrer! Não faz isso comigo, não, meu amor...para com isso. Me dê o remédio.
Gertrudes ficou muito chateada porque ira ter a visita de sua mãe no dia seguinte. Então teve de refazer tudo, e o pior, teve de comprar todos os ingredientes novamente.
- Seu Manuel me vê essa lista de compras aqui e põe na conta de Aristeu. Ele que vai pagar...
- A senhora já não tinha comprado isso tudo ontem?
- Foi bom o senhor me lembrar, faltou o laxante...vou à farmácia.
- Mas não foi isso que perguntei.
- Deixa pra lá seu Manuel.
No dia seguinte com a chegada da mãe, foi aquela festa... Gertrudes a agarrou e a beijou, Astolfo sacudia o cotó e pulava em seu colo e Aristeu não apareceu.
- Estou sentindo falta de alguém...Cadê meu genrinho querido? Eu trouxe uma caixa de bombons pra ele.
- Mamãe seu queridinho hoje não acordou bem. Acho que não vai querer seus bombons, não.
Conversaram, almoçaram e nada do Aristeu aparecer.
- Filha estou preocupada... O Aristeu sem fome, nem apareceu pra me dar um beijo. Será que ele está passando mal?
- Deixa ele, mamãe, vai ficar bem.
Quando de repente surge um grito horrível lá de dentro.
- Gertruuudes acabou o papel...
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