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segunda-feira, 18 de abril de 2022

QUEM TEM C...TEM MEDO



Um sujeito bem aparentado, de: óculos escuro, relógio, pulseira e cordão de ouro, camisa e calça social, entrou em meu taxi...pediu-me que o levasse a uma sauna. Chegando ao local, disse para esperá-lo, que não iria demorar.
Após meia hora de espera, voltou com um sorriso de orelha a orelha. Perguntei-lhe, se a festa tinha sido boa. Ele balançou a cabeça negativamente, dizendo que não rolou nada com mulheres.
- Ué! Então foi com Homens, isso é sauna gay? - perguntei.
- Está maluco? Eu gosto é de molhar o biscoito, e não, queimar a rosca...
O cara era bastante brincalhão, mas tinha umas brincadeiras sem graça. Me perguntou, se eu também gostava da fruta ou se eu era a própria fruta...
Falei rapidamente que gostava da fruta...
- Então vou te dar uma banana. - disse ele sorrindo.
Meio sem graça, pensei em retrucar, mas preferi ficar calado e não dar muita trela para o sujeito. Depois, curioso que sou, perguntei-lhe:
- Não entendi...você foi num lugar daqueles, demorou meia hora, e não pegou nenhuma mulher?
- Mulheres eu tenho aos montes, é só estalar os dedos, não preciso ir naquele lugar para pegá-las...
O cara também era bastante convencido...
- Bem...então é melhor mudarmos de assunto. Pra onde vamos agora? - perguntei.
- Toca para zona sul...
Chegando ao local destinado, o malandro falou:
- Espera! Vou naquele bingo, ali...
Disse a ele, que bingo estava proibido e aquele era clandestino.
- Você parece meu pai, me dando conselhos. - disse ele.
O tempo passava, nada do cara voltar, acabei dormindo...foi quando, levei uma tapa na cabeça. Era o espertalhão de brincadeirinha comigo....
- Você é abusado, hein! - Eu disse à ele.
Mas dessa vez, ele entrou no carro e ficou meio calado, como o meu maior problema é a tal da curiosidade, perguntei-lhe:
- O que houve, perdeu o dinheiro todo no bingo?
- Toca em frente piloto...e para de fazer pergunta besta.
Voltamos para zona norte, ele pediu-me que parasse em frente a um prédio, então perguntei novamente, se ele iria demorar.
- Acho que não, mas se eu demorar, o taxímetro não está ligado? - falou o malcriado.
Estava ficando preocupado, afinal, se ele tivesse perdido o dinheiro todo no bingo, não iria me pagar...e o valor da corrida já estava bem alto, porque já estava andando com ele havia umas quatro horas.
Levou mais uns vinte minutos, e de repente...veio ele correndo.
- Anda, anda! Sai fora daqui.
- O que houve?
Quando minha curiosidade estava aguçadíssima escutei um enorme barulho e vi que jogaram um vaso de plantas em cima do carro.
Saí dali cantando pneu, sem saber direito o que havia acontecido, mas também muito nervoso pelo susto, perguntei-lhe:
- Quero saber quem vai pagar meu prejuízo?
O cara esbaforido, de tanto correr, só dizia:
- Eu pago, eu pago...
Pegou o celular e começou a fazer várias ligações, pelo visto, sem sucesso.
- Merda, de celular! Quando a gente mais precisa, ele não funciona...
Ofereci o meu...disse-me que não precisava, por que já estávamos chegando.
Entramos num estacionamento...o cara saiu do carro e ainda meio tenso entrou num galpão. Como o de sempre, fiquei no carro a esperá-lo. Logo escutei uns gritos, parecia discussão, quando de repente, vem o cara correndo novamente.
- "Pelamordedeus"...corre, sai fora daqui!
Nessa altura do campeonato, nem tive tempo, de ficar curioso, escutei um monte de tiros. Arranquei com o carro, disse a ele, que achava serem tiros, todo aquele barulho...
- Você ainda acha??? Depois te explico. - disse ele.
- Parei contigo...não vou mais a lugar algum. Faz favor de me pagar. - intimei o sujeito.
- Acelera isso ai! O cara está vindo atrás da gente. Depois conversamos.
- Porra! Você só arruma encrenca...
Corri que nem um louco, ainda mais depois que ele disse aquilo, só que eu olhava pelo retrovisor e não via ninguém.
- Sabe o que eu acho? Você está muito assustado, não tem carro nenhum atrás da gente.
- Não para, não, ele vai me matar. - disse ele quase se borrando.
- Olha aqui, vou parar sim...se vira, me paga logo a corrida, tenho que ir embora.
O falastrão devia estar com a cueca toda suja, de tanto medo e também não tinha dinheiro.
- Vamos voltar pra zona sul, que vou ao meu banco, pegar o dinheiro, fica ao lado daquele Bingo...
- Cara! Você é maior 171...Você vai querer entrar naquele bingo de novo. Nós vamos é para delegacia.
Depois do ocorrido, resolvi ir pra casa, foi quando, deparei-me com a patroa, toda arrumada a minha espera, peguntei-lhe:
- Ué! Vai sair?
- Seu cretino...não vou mais sair, você esqueceu de novo, que havíamos marcado de sair, pra fazermos compras. Olha a hora que você chega. Outra coisa, está sempre dizendo, que está sem dinheiro. E compra um monte de coisas pra você, ou então, anda ganhando presentinho de outra mulher.
Pois é, levei um bronca enorme da mulher, antes, eu tivesse mesmo ido a delegacia com aquele cidadão. Só assim eu não estaria usando alguns de seus pertences, assim como: óculos escuro; relógio; pulseira e cordão de ouro, na qual, tive de tomar dele. Porém, para o meu espanto, no dia seguinte descobri que era tudo falso.

UM DIA PARA NÃO SER LEMBRADO. Comigo no taxi



Sabe aquele dia, que você não pode sair de casa, porque tudo dá errado? É o que vou relatar agora...
Saí de casa com a esposa para fazermos o trajeto rotineiro, que era levá-la ao trabalho, e depois trabalhar com meu taxi, quando, de repente, o pneu furou. Parei num posto de combustível para trocá-lo, o dia estava muito quente, suei demais e embaçou os óculos, foi quando, coloquei-o em cima do carro. 
Depois da troca, saímos apressados, porque minha esposa já estava muito atrasada e então...após: eu avançar um sinal, cair num bueiro sem tampa e quase atropelar uma velhinha... chegamos em frente a firma em que ela trabalhava, e perguntei pelos óculos. 
- Ué!? Você não pegou em cima do carro? - disse ela. 
- Claro que não, pensei que você ia pegá-lo. 
- Porque você não pegou? 
- O óculos é seu, a responsabilidade é sua. 
Ficou naquele jogo de empurra e ainda levei esporro, foi quando, falei que voltaria para procurá-lo. Ela aconselhou-me a não voltar, porque a naquela altura, alguém já havia passado por cima, com o carro. Não sei porque, mas mulher tem um sexto sentido enorme... 
Não acatei e claro...e voltei. Perguntei ao frentistas e ele não viu. Andei pelo posto procurando e nada do óculos. 
Saí com o taxi olhando para o chão pela rua com a esperança de achá-lo, quando entrei numa rua a direita. Escutei um apito e olhei pelo retrovisor, era um guarda de trânsito gesticulando. 
Eu tinha entrado na contramão, que até o dia anterior, não era contramão...como vinha um ônibus, entrei na primeira rua a direita, para não continuar na infração. Parei o carro e fui conversar com o policial...de cara, levei uma tremenda bronca. Contei para ele tudo que se passara...claro, ele não acreditou. Olhou rindo para um camelô e disse: 
- O que as pessoas não inventam para se livrarem de multas? 
- Puxa, seu guarda! Eu não sabia mesmo da inversão dessa mão.. 
- Será que não dá para quebrar o galho e não me multar? Tô cheio de pontos na carteira e isso vai me prejudicar. 
Ele me deu um susto: 
- Não vai dar. Não foi uma multa só, foram duas. Esta rua que você dobrou a direita, também é contramão... mas a gente pode conversar. Tava na cara, que ele queria propina, fiquei sem saber o que dizer...Se eu falo em dinheiro e ele não fosse corrupto? Eu iria preso, né!? 
Não perdemos muito tempo, porque ele antecipou-se, e falou para eu dar uma "doação" de duzentos reais. Sou contra a corrupção, mas naquele momento, se não chegasse a um acordo, eu ficaria muito prejudicado. 
Tentei baixar aquele valor e falei: 
- Esse valor está muito alto, ainda não peguei nenhum passageiro. Eu só tenho trinta reais... 
- Você está maluco! Ainda tenho que dividir com um batalhão inteiro...- disse ele. 
Me falou também que cem reais dava pra fechar e ainda ficou com raiva de mim, quando perguntei, que garantia eu teria... e se a multa chegasse? 
- Você está desconfiando de uma autoridade? - disse ele. 
- Claro que não Doutor, jamais "desconfiaria" do senhor... 
Tive de ir ao banco para tirar dinheiro. A minha conta estava negativa, entrei no cheque especial, mas o que eu poderia fazer??? Não tinha outro jeito... Foi então que voltei ao local para concretizarmos o negócio e para o meu espanto, o oficial apertou minha mão, disse-me que poderia contar com ele pra qualquer coisa, e que estaria sempre por ali. O que o dinheiro não faz? Fiquei “amigo” do cara... 
Após isso, resolvi ir para casa, já estava desanimado, fiquei muito tempo parado e com medo que acontecesse mais algum imprevisto. Até porque já havia: furado pneu, perdido os óculos, avançado o sinal, caído no bueiro, quase atropelado uma velha, entrado na contramão, sido achacado pelo guarda e, ainda teria que pagar juros bancários. Mas tudo bem, como diz o ditado...dos males o menor. Meu amigo foi bonzinho. Imagina, se além das multas, por eu ter entrado nas ruas de contramão...ele ainda quisesse me multar por andar sem os óculos???

sexta-feira, 15 de abril de 2022

COMER DEMAIS, DÁ NISSO...



Aristeu era um cara muito comilão. Olhava a geladeira a todo instante, tinha uma enorme ânsia de comer. Vivia passando mal. 
- Estou com uma azia danada. Gertrudes faz um favor, vai à farmácia e compra um antiácido...Estou que nem um Dragão, cuspindo fogo...

- Você come muito, homem...olha tua barriga, está enorme. Depois da feijoada do almoço, você já comeu um monte de coisas, já lanchou umas dez vezes.

- Pára de falar mulher, e vai logo...
A esposa de Aristeu antes de sair disse-lhe que demoraria um pouco porque iria passar na padaria e também fazer umas comprinhas.
- Então pega mais dinheiro e compra uns dez pãezinhos, trezentos gramas de mortadela e meia dúzia de latinhas de cerveja...
- Vai, Esganado! O peixe morre pela boca.
A mulher saiu e Aristeu entrou ou quase entrou pela geladeira adentro. Comeu tudo que tinha direito. O Glutão ficava tão fissurado por comida, que falava sozinho:
- Acho que se eu comer esse pudinzinho aqui não tem problema, até porque leva leite e deve ser bom para o estomago. Hum...esse sorvetinho aqui também é muito bom. Mas vou provar também essa gelatina.
Quando sua esposa chegou, o encontrou dormindo no chão ao lado do cachorro Astolfo. Dormia que nem um anjo, mas roncava que nem um porco. Astolfo acordou com a chegada da sua dona, fez aquela festa costumeira, voltou para onde estava e lambeu o rosto de seu dono. Parecia querer acordá-lo.
- Pára com isso, cachorro, deixe-o dormir. Pelo menos enquanto dorme, ele não come e não tem azia.
Gertrudes passou bem devagar por cima de Aristeu e foi em direção a geladeira tomar um copo de água, quando foi seu espanto.
- Aiii, pelamordedeus! O danado comeu a sobremesa toda. E eu ainda sou burra de comprar remédio para ele.
Com o grito da mulher, o lambão, acordou gemendo.
- Hum, hum, ai...além de azia, estou com muita dor no estômago. Gertruuudes eu vou morrer...Cadê o remédio, Gertrudes?
- Escute aqui, seu safado, você comeu a sobremesa toda que fiz para o almoço de amanhã. Sendo assim, vai ficar sem o remédio... Não dou, não dou e não dou...
- Gertruuudes eu vou morrer! Não faz isso comigo, não, meu amor...para com isso. Me dê o remédio.
Gertrudes ficou muito chateada porque ira ter a visita de sua mãe no dia seguinte. Então teve de refazer tudo, e o pior, teve de comprar todos os ingredientes novamente.
- Seu Manuel me vê essa lista de compras aqui e põe na conta de Aristeu. Ele que vai pagar...
- A senhora já não tinha comprado isso tudo ontem?
- Foi bom o senhor me lembrar, faltou o laxante...vou à farmácia.
- Mas não foi isso que perguntei.
- Deixa pra lá seu Manuel.
No dia seguinte com a chegada da mãe, foi aquela festa... Gertrudes a agarrou e a beijou, Astolfo sacudia o cotó e pulava em seu colo e Aristeu não apareceu.
- Estou sentindo falta de alguém...Cadê meu genrinho querido? Eu trouxe uma caixa de bombons pra ele.
- Mamãe seu queridinho hoje não acordou bem. Acho que não vai querer seus bombons, não.
Conversaram, almoçaram e nada do Aristeu aparecer.
- Filha estou preocupada... O Aristeu sem fome, nem apareceu pra me dar um beijo. Será que ele está passando mal?
- Deixa ele, mamãe, vai ficar bem.
Quando de repente surge um grito horrível lá de dentro.
- Gertruuudes acabou o papel...