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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

AMÂNCIO ERA MANSO, MAS NEM TANTO.


Amâncio era um cara muito na dele, não tinha maldade nem inimizades. Era um cara muito bacana.
Certo dia, andando pela rua, um homem o esbarrou e sua pasta caiu e se abriu, voaram todos seus documentos. O mas incrível é que numa situação dessas ele ainda se desculpava achando que estava errado.
Os amigos o faziam de gato e sapato, aprontavam sempre com ele... Pediam dinheiro e não lhe pagavam, pegavam seu carro emprestado e custavam a devolver, quando não, o amassavam. Até com sua esposa o povo mexia. Amâncio, por ser muito bom, gostava de fazer favor para os outros sem ter retorno algum e quanto a sua esposa, ele falava aos amigos:
- Eu não fico chateado quando a elogiam e dizem que ela é bonita ou gostosa. Pior seria se dissessem que ela é feia.
Só que havia um boato maldoso, onde falavam que Amâncio apanhava da esposa. Era um cara muito forte, corpo atlético, mas de vez em quando aparecia com algumas lesões. Ele alegava ser do futebol, mas o pessoal não queria saber e o chateavam muito, dizendo:
- O Amâncio apanha da mulher... Quem apanha de mulher é mariquinha!
E claro, ele não gostava de escutar aquilo, mas tinha muita classe e fingia não ouvir. Era muito forte, mas também tinha muito auto controle e não ligava para as provocações.
Amâncio amava muito sua esposa e também era muito atencioso em casa. Tudo que ela o pedia ele prontamente atendia. Era o marido ideal 
e amigo também. Pena, que, por ser muito legal muitos abusavam de sua boa vontade.
- Estou me cansando dessa vida de ser bonzinho, todos me passam para trás. – desabafou Amâncio à um amigo.
- Meu camarada! Você tem de parar de ser fornecedor e vir a ser consumidor. – disse o amigo.
- Não entendi, como assim?
- Eu quero dizer que você fornece tudo, seus amigos te pedem tudo e te passam para trás. Até sua mulher você está fornecendo, Amâncio.
- O quê? Que história é essa da minha esposa? Você está maluco? – disse ele muito aborrecido.
- Meu amigo, se liga...vai consumir outras mulheres também. – falou Clarisbadeu.
Amâncio foi pra casa desapontado, ele nunca pensara que pudesse acontecer aquilo. Não tirava aquelas palavras da cabeça.
Passou a observar melhor sua esposa e a percorrer todos seus passos. Até que descobriu a verdade.
Estava sendo traído, e com um de seus amigos. Era o Ricardão... Aquele que mais o gozava dizendo que Amâncio apanhava da esposa.
- É por isso que ele sabe de tudo. Ela é quem comenta com ele que me bate. E o pior é que o safado fica espalhando pra todo mundo.
Amâncio manteve a calma costumeira, esperou a hora certa. Foi quando encontrou aquela roda de amigos no clube que frequentava, e o traidor estava no meio. Como de costume veio difamá-lo:
- Está chegando o Maricão que apanha da mulher. – e todos riam.
Amâncio engoliu a seco...e falou com toda calma que lhe éra peculiar:
- Eu preciso confessar uma coisa pra vocês. Ela às vezes me dá uns catiripapos, sim.
Aí, teve gente até caindo ao chão de tanto rir, e o traíra só dizia:
- Não falei...não falei...
Amâncio foi chegando mais perto do falastrão, falando cada vez mais baixo e disse:
- Eu não só apanho da minha esposa, como fui muito judiado e traído.
As pessoas riam cada vez mais e o humilhavam com palavras:
- Ricardão, cuidado que ele vai te beijar, hein!
- Eu ainda não terminei. Como eu estava dizendo...ela me trai com um de vocês e ainda me bate muito. Mas se eu tivesse feito com ela o que vou fazer com vocês, ela não estaria mais nesse mundo.
Ficou um silêncio sepulcral, todos olhando entre si. Foi quando Ricardão falou:
- Sujou! Aiiii...Socorro!
Ricardão levou uma surra tão grande, que está internado no hospital, por sinal, seus amigos ainda não foram lhe visitar porque estão todos sumidos. Desapareceram!

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