Translate

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

ENTERRANDO O DEFUNTO ERRADO.


Aristeu e Gertrudes se arrumavam para ir ao enterro de um amigo. Aristeu com sua lerdeza rotineira ainda encontrava-se no banheiro fazendo a barba, foi quando, sua esposa apareceu dizendo:
- Anda logo, homem! Já estamos atrasados.
- Calma...Ai...Viu o que você fez? Me  assustou e acabei me cortando. 
- Deixa de ser mole, já estou pronta faz mais de uma hora e você nem banho tomou.
- Você fala muito e me atrapalha... Comigo tem que ser tudo devagar, gosto de fazer as coisas direito.
Depois de duas horas saíram de casa, então ela falou:
- Vê se você acelera esse carro já estamos muito atrasados.
- Filha automóvel é comigo mesmo,  deixa comigo.
- Automóvel é contigo, né? A última vez que você saiu apressado arranhou a lateral do carro toda na garagem.
Então, depois de caírem num buraco e o pneu estourar, e ainda o policial tê-los parado para aplicar uma multa em Aristeu por avanço de sinal, conseguiram chegar ao local.
- Nunca mais, na próxima vez venho de taxi. Oh, cara enrolado!
- Está reclamando do quê, tenho culpa se o pneu furou e o guarda me parou?
- Claro! Você estourou o pneu porque mirou naquele buraco. Parece que não enxerga...e o Guarda te parou porque avançastes o sinal novamente. Esse mês teu dinheiro vai todo em multas.
- E você que falou o nome do cemitério errado, fomos parar do outro lado da cidade.
Ao chegarem na capela, benzeram-se e foram cumprimentar a todos demostrando seus profundos sentimentos. O caixão encontrava-se fechado porque o corpo já estava cheirando mal.
- Viu, Gertrudes, você me apressa tanto e nem sinal de enterro.
- Eu só estou achando estranho porque não estou vendo nenhum conhecido aqui. - disse a Gertrudes.
- Vai ver a esposa dele passou mal e a família saiu pra socorrê-la...
Nisso chegaram alguns evangélicos e fizeram uma oração. Os dois rezaram muito pela alma do falecido.
Chegando o momento do enterro, como havia poucos homens, Aristeu prontamente se propôs a ajudar. Pegou uma das alças do caixão para levá-lo ao carro que levaria o defunto até a cova. Gertrudes, por sua vez, estava com muitas dores nos pés e decidiu não acompanhar o enterro, ficando a esperar Aristeu perto da capela.
Aristeu fez questão de acompanhar, já que aquele que seria os últimos momentos com seu amigo. Andou muito, a cova era quase no final do cemitério.
Ao voltar, muito emocionado, com os olhos vermelhos de tanto chorar, encontrou Gertrudes bufando de raiva. Ela voltou a dizer que com ele não andaria mais e que iria embora de taxi, de preferência que ele não  fosse dormir em casa, porque se fosse iria dormir no sofá.
- Está maluca mulher, o que eu fiz dessa vez?
- O que você fez? Com essa tua lerdeza, simplesmente: velaste; rezaste; enterraste e até levaste o caixão do defunto errado. Teu amigo já foi enterrado há muito tempo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário