Translate

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

ASTOLFO PULOU A CERCA

Todos estavam à procura de Astolfo, olharam em todos os lugares, dentro e fora da casa e não o encontraram. Marieta, a empregada, que Gertrudes acabara de contratar, disse:

- Eu vi o cachorro olhando muito pra casa do vizinho ao lado.
- Qual, do seu Inocêncio?
- Não sei, acho que é. Ainda não conheço os vizinhos daqui. 
Foram os três bater na casa de seu Inocêncio, Aristeu tomou a frente e perguntou:
- Boa tarde, seu Inocêncio...o senhor por um acaso viu Astolfo, o meu cachorro?
- Vi! – disse ele muito revoltado.
- Ele tomou um banhinho e agora está fazendo um lanchinho para ir embora.
- Como assim, não entendi? – Perguntou Gertrudes.
- Não entendeu, vou explicar... Esse seu cachorro pulou a cerca de novo e está atracado com a Lucrécia lá no quintal. Minha cadela é de raça pura e eu não vou cuidar de um monte de vira-latas. Se nascer filhotes vão todos pra sua casa, dona Gertrudes! Entendeu agora?
- Seu Inocêncio, quem tem suas cabras que as prendam por que meu bode está solto. O senhor está entendendo? – falou Gertrudes dando uma gargalhada.
- Eu vou é matar esse vira-lata, sua maluca!
- Aristeu, você não vai tomar nenhuma atitude?
- Mas, mas, mas...
- Que mas, mas, mas, Aristeu...esse cara me chamou de maluca, e você não faz nada?
- É que...
- Cala a boca Aristeu.  Vou quebrar a cara desse cretino. Aristeu me larga...me larga, Aristeu...
- Mas eu não estou te segurando...
- Então vai lá você e quebra a cara dele.
- Mas, mas, mas...
- Vai quebrar minha cara? Podem vir todos vocês, são três frouxos.- falou o vizinho.
Depois que Inocêncio falou aquilo, Marieta, a empregada, virou bicho, ficou com a macaca, e deu um ataque de piriri.
- Epaaa...olha aqui, agora ofendeu. Frouxo é tua mãe, seu safado, vai levar uma porrada.
E partiu pra cima do homem, dando várias unhadas, e puxando seus cabelos... Aristeu por sua vez foi apartar e logo de cara levou um soco no olho. O vizinho quanto mais tentava se desvencilhar da Marieta, mais batia em Aristeu. Ele apanhou, apanhou e apanhou...mas deu sorte, porque os outros vizinhos o salvaram.
- Mas, mas, mas foi ela quem começou. Eu não, não, não fiz nada, seu Inocêncio. – dizia Aristeu muito nervoso.
- Não sou covarde, não bato em mulheres. - Retrucou Inocêncio. 
- Cadê Gertrudes? Ai, ai, ai...
- Não sei patrão, a última vez que a vi foi quando esse cara também me chamou de frouxa.
Voltaram para casa, Aristeu todo quebrado e Marieta muito da enfezada.
- Meu primeiro dia de trabalho e já me acontece isso. - disse Marieta.
- Gertrudes eu vou morrer. Chame um médico, Gertrudes! – Aristeu.
- Não foi nada, homem, deixe de ser frouxo! – disse Gertrudes.
- Nossa! O Astolfo ficou lá, aquele doido vai matá-lo. – lembrou Marieta.
Então, Gertrudes, usando de todo o seu cinismo, disse: 
- Astolfo já está em casa desde a hora que cheguei. Quando ele viu que o homem estava brabo pulou a cerca de volta. Ele é que nem eu, não gosta de confusão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário